Ancestralidade

A identidade pode ser vista como um conjunto de características que contribuem na diferenciação de um indivíduo perante os demais. Quando abordamos a identidade de uma pessoa negra, por exemplo, esse conjunto de características vem com uma construção de seu próprio ser, inclusive, de forma política.

O Brasil é popularmente conhecido por sua grande variedade cultural, em razão da população negra e miscigenada, fruto da era escravagista. Ao mesmo tempo, nossa nação é o segundo maior país de população negra fora da África, contudo, pouco se sabe sobre a identidade dos milhões de escravizados e, consequentemente, temos lacunas na construção de identidade de seus descendentes.

Nesse sentido, debater sobre hereditariedade e ancestralidade evidencia um direito de todos: o de saber sua história. No compreender africano, a ancestralidade atua como um legado moral ou espiritual onde o antepassado transmite sabedoria aos seus descendentes em diáspora. Mas não só; a ancestralidade se revela como fonte de vida, criatividade e pertencimento, evidenciando a importância da memória para se pensar o futuro.

Em seu quarto livro, “Cartas Para Minha Avó”, Djamila Ribeiro revisita memórias de vida dialogando com a saudosa Dona Antônia, sua avó materna. Ao escolher compartilhar com o mundo suas histórias íntimas, assumindo sua fragilidade, foi possível mostrar as mil faces que compõe a população negra que versam muito além de histórias de dor e racismo.

Se reconhecer na hereditariedade e contar suas histórias é uma forma de honrar quem foi responsável por abrir caminhos de resistência que continuam proporcionando novas descobertas – em nome de uma organização da identidade negra histórica, cultural e psicológica, sem fragmentos ou fissuras.

Se interessou pelo debate? Esse será nosso da tema da roda de conversa que vai acontecer na próxima segunda-feira no Espaço Feminismos Plurais, no dia 18/11 a partir das 14h, na Avenida Chibarás 666, Moema. Esperamos por você!