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19 de julho de 2024 | Publicado por: Feminismos Plurais

Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha

A representação política feminina negra ainda é muito baixa no país; a diferença salarial entre um homem branco e uma mulher negra com nível de formação igual é expressiva.

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Em 25 de julho de 1992, em Santo Domingo na República Dominicana, realizou-se o 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas.O encontro tinha como objetivo lutar pela garantia de seus direitos civis, bem como denunciar o racismo e machismo enfrentados por mulheres negras, não só nas Américas, mas também ao redor do globo, além de propor a união entre o grupo.

A magnitude do evento foi tanta que, no mesmo ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o dia 25 de julho como Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

No Brasil, por sua vez, celebramos na mesma data, desde 2014 pela Lei 12.987, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza representa muitas mulheres negras que tiveram suas histórias esquecidas e negligenciadas pela historiografia tradicional.

Apesar de não haver muitas informações relevantes e certeiras sobre seu nascimento, é sabido que Tereza viveu no século XVIII e foi casada com José Piolho, idealizador do Quilombo do Piolho no Mato Grosso. Com o falecimento do parceiro, a revolucionária liderou a comunidade negra contra a escravização, resistindo bravamente por mais de duas décadas.

É certo que desde 1992 a realidade das mulheres negras em nosso país passou por avanços e mudanças positivas, contudo, ainda dependentes de políticas públicas para assegurar seus direitos, demonstrando que as denúncias da época estão cada vez mais presentes na realidade brasileira.

A representação política feminina negra ainda é muito baixa no país; a diferença salarial entre um homem branco e uma mulher negra com nível de formação igual é maior que 100% (dados do Insper, publicados em 2020).

Ainda, dados do anuário de Segurança Pública de 2024 demonstram que a violência contra as mulheres aumentou significativamente com o passar dos anos. Um número expressivo de vítimas são mulheres e crianças negras, o que corresponde a 63,6% dos casos violentos. Os casos de estupro, por exemplo, representam um caso a cada seis minutos no país, e o perfil das vítimas é de meninas negras de até 13 anos.

É fato que a presente data deve ser devidamente celebrada em razão das conquistas adquiridas, porém, é necessário analisar criticamente que continuamos em luta por maior participação em tomadas de decisão, com a ruptura de espaços que negaram durante séculos a presença feminina negra.

O mês de Julho, portanto, deve ser tido como referência de luta, união e renovação. A ação “Julho das Pretas” é um exemplo de como fazê-lo, pois envolve um engajamento de agenda conjunta com organizações e movimentos de mulheres negras do Brasil onde o objetivo é a promoção de encontros e debates, com vistas futuras para ações concretas visando melhorar as condições sociais e o acesso a direitos.

Gostou do conteúdo? Esse será o próximo tema da nossa roda de conversa que acontecerá na próxima segunda-feira no Espaço Feminismos Plurais, no dia 22/07, a partir das 14h.

Depois da roda você poderá esclarecer suas dúvidas relacionadas a direito do trabalho, previdenciário e de família individualmente. Espaço Feminismos Plurais e LBS Advogadas e Advogados: seu lugar de fala, seu lugar de direitos. Te esperamos a partir das 14h, na Avenida Chibarás 666, Moema.