Perspectivas do Antirracismo no Brasil

O feriado da Consciência Negra foi celebrado nacionalmente pela primeira vez neste 20 de Novembro de 2024, instituído pela Lei 14.759/2023. A data rememora a morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do Brasil no período colonial e assassinado em 1695.

A data visa celebrar, refletir e debater sobre os novos desafios na construção de um futuro. Os avanços conquistados pelas pessoas pretas não diminuem os desafios ainda enfrentados diariamente para fazer valer seus direitos.

Sabemos que ainda hoje pessoas pretas e pardas sofrem diariamente em razão da cor de sua pele. Uma pesquisa divulgada em 2023, realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), sob encomenda do Instituto de Referência Negra Peregum e do Projeto Seta (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista), atestou que o racismo no Brasil é quase unanimidade. O estudo revelou que mais da metade dos brasileiros já presenciou algum ato de racismo e consideram o Brasil uma país racista. Porém, quando perguntados se são racistas, apenas 11% admitem ter atitudes que configuram o racismo.

Na mesma toada, em 2022, o Anuário de Segurança Pública demonstrou um aumento de mais de 50% nos registros de racismo e homofobia ao redor do país.

Ao mesmo tempo, o ingresso de alunos negros nas universidades brasileiras por meio das cotas raciais aumentou 205% em 2022. Em 9 anos, o número de estudantes negros no ensino superior cresceu quase 400%, com 38,15% dos matriculados, representando uma geração inédita capaz de revolucionar os feitos acadêmicos brasileiros.

As conquistas e os dissabores de uma luta antirracista demonstram que o engajamento precisa ser contínuo, compromissado com a democracia, o bom desenvolvimento econômico e com a humanidade.

O racismo nunca foi e nunca será um problema do negro, portanto, é claro que o debate sobre seu fim deve envolver pessoas brancas; o antirracismo em sua forma mais pura. Como define a raiz da palavra, o antirracismo é ser ativo e deliberante num constante processo de ação e oposição ativa ao racismo.

Cientes dessa realidade e mediante a simbólica data, iremos dialogar sobre a importância de celebrar-se negro em meio ao racismo e a força da coletividade no combate ao ódio.