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02 de setembro de 2024 | Publicado por: Feminismos Plurais

Visibilidade Lésbica

No Brasil, essa história é marcada pela coragem e resiliência de mulheres que, juntas, exaustas da violência e da omissão, abriram caminho para uma luta que continua até os dias de hoje.

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No calendário nacional, o dia 29 de agosto é dedicado a Visbilidade Lésbica, uma data que carrega consigo décadas de luta, resistência e amor.

No Brasil, essa história é marcada pela coragem e resiliência de mulheres que, juntas, exaustas da violência e da omissão, abriram caminho para uma luta que continua até os dias de hoje. A data foi escolhida em homenagem ao “Levante do Ferro’s Bar”, considerado o Stonewall Brasileiro, que ocorreu em agosto de 1983.

O antigo Ferro’s Bar, localizado na Rua Martinho Prado, na região central da capital paulista, foi um local que funcionou entre os anos de 1961 e 1990. Nos primeiros anos, o bar era frequentado por jornalistas e artistas, mas no fim dos anos 60 começou a virar referência para a comunidade lésbica.

O bar era um constante ponto de encontro do Grupo de Ação Lésbico Feminista (Galf 1981-1990), onde eram organizadas reuniões e, principalmente, feita a distribuição do folhetim “ChanaComChana”, onde eram veiculados debates, produções artísticas e divulgadas as ações do grupo, como uma forma de fazer contato com possíveis novos integrantes.

Os proprietários do bar passaram a agredir verbal e fisicamente as frequentadoras do local, visando impedir a circulação do folhetim e gerando uma enorme reação do grupo, o que culminou em um grande ato de protesto no dia 19/08/1983, com a presença de movimentos lésbicos, gays, feministas, parlamentares e a imprensa. Após a revolta, a venda do folhetim passou a ser permitida no Ferro’s.

A data ficou marcada como Dia do Orgulho Lésbico e foi reconhecida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) em 2008.

Mas, antes do reconhecimento estadual, em 1996, durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), realizado no Rio de Janeiro, foi instituído o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Este evento histórico reuniu mulheres de todo o país para discutir e lutar contra a lesbofobia, marcando o início de uma nova era de visibilidade e direitos.

Nos dias atuais, a data continua tendo impacto real na vida de mulheres lésbicas e demais membros sociais, tendo em vista a constante tentativa de negativa da vida dessas mulheres e sua sub-representação nos mais diversos espaços.

A luta é para que suas experiencias afetivas não sejam apagadas, dentro de sua pluralidade, e quando reconhecidas não sejam resumidas ou marcadas por episódios de severa violência física e psicológica nos mais diversos meios sociais.

Conforme dados da pesquisa divulgada pelo instituto Gênero e Número, com base no sistema de agravos de notificação do ministério da saúde, em 2017,  seis mulheres lésbicas são estupradas por dia no Brasil; 61% delas sofreu violência por mais de uma vez e 58% eram negras ou pardas.

A agressão pode vir por meio de olhares, xingamentos, estupro corretivo ou lesbocídio, levando essas mulheres ao medo de vivenciar a plenitude de quem são.

A resistência lésbica, como vimos, perdura por décadas e suas demandas tem se ampliado sempre na busca por políticas públicas que lhe garantam segurança, respeito, equidade e representatividade, para que possam exercer sua existência e carregar a liberdade de ser quem é.